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Notícias do Segundo Encontro Mundial – Rio 2003
1)A última atualização do site do Segundo Encontro Mundial traz novidades importantes: carta aberta de René Major e carta-resposta de Chantal Talagrand-Major à Corinne Daubigny; homenagens a Derrida; versão completa em português da conferência de Tarik Ali e do debate posterior; fala de Carlos Castelar na mesa de encerramento e a transcrição das participações na plenária de encerramento. (Boletim #8 – 20/dez /2004)
2) Informa-nos Suelena Werneck que o Comitê Executivo está finalizando seus trabalhos. Todo o material do Segundo Encontro já está publicado no site e o próximo passo será a gravação de um CD com esse mesmo material. Caso haja um saldo financeiro após a finalização, esse será destinado para custear nossas despesas com a manutenção do site geral.
Nota–comentário:
Alegra-nos constatar o tratamento cuidadoso que está sendo dado pelo Comitê Executivo à difusão do material do Segundo Encontro, em consonância com os objetivos e desafios assumidos na construção desse espaço, que foram reafirmados no documento de dissolução.
Em relação ao segundo ponto, desde já, valorizamos e agradecemos, a decisão dos companheiros de Rio de destinar os recursos econômicos à manutenção do site geral que vem, assim, somar-se às contribuições que outros grupos e colegas nos estão fazendo chegar.
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Notícias do Forum Social Mundial
O Forum Social Mundial, que se reuniu nos dias 28 a 30 de janeiro na cidade de Porto Alegre, contou com a participação de colegas psicanalistas nas atividades abaixo discriminadas:
1) O CPPL (Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem de Recife) em parceria com a ABEBÊ (Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê) e com o Espaço Brasileiro de Psicanálise do Rio de Janeiro animou a oficina "Interlocução da Psicanálise com o Social e o Político, com o olhar específico para a criança, a cidade e a cidadania", atividade integrante do tema "Defendendo as diversidades, as pluralidades e as identidades". Dela fizeram parte Adriana Fornari, Antônio Ricardo da Silva, Gisela Haddad, Iole Cunha, Isabel Kahn Marin, Leila Ripoli, Paulina Rocha, Regina Orth de Aragão, Salvador Célia e Vital Didonet.
2) A Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA) promoveu duas mesas redondas. Na primeira, que teve como tema "A Masculinidade", participaram Edson Sousa, Lucia Mees, Inajara Amaral, Marieta Rodriges e Otávio Nunes. A segunda, focalizando o tema "Rupturas na adolescência: atualidades do mal-estar nos conflitos inter-geracionais", contou com a presença de Alfredo Jerusalinsky, Ana Costa, Ana Laura Giongo e Angela Backer.
3) O Conselho Federal de Psicologia promoveu um seminário, com o título “O Papel da Subjetividade num outro mundo possível – construindo uma outra saúde mental”. Dele participaram Ana Mercês Bock, presidente do Conselho, juntamente com o antropólogo Alfredo Wagner, a psicóloga Cecília Coimbra e o professor Luis Antonio Baptista.
4) Juntamente com vários outros articulistas, nossa colega Maria Rita Kehl fez a cobertura do Fórum Social de Porto Alegre para o site Carta Maior, facilmente acessível no endereço http://agenciacartamaior.uol.com.br/forum_2003
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Debate sobre a regulamentação da psicanálise
Como provavelmente é do conhecimento de todos, a questão da regulamentação das psicoterapias e da psicanálise tem sido objeto de amplas discussões. Recentemente, a revista ISTO É abordou o assunto, o que deu margem para que as entidades envolvidas se manifestassem em correspondência para aquela revista.
Dado a relevância do assunto, reproduzimos aqui, na íntegra, a notícia (1) e as cartas enviadas para a redação (2) da ABRAP e (3) da ARTICULAÇÃO DE ENTIDADES PSICANALÍTICAS BRASILEIRAS
1) A NOTÍCIA
ENQUADRANDO FREUD (ISTO É – no. 1939)
Seis projetos criando conselhos para normatizar as mais diversas técnicas de psicoterapias, entre elas a psicanálise, já foram apresentados à Câmara dos Deputados. Nenhum deles foi elaborado por psicanalistas e todos foram derrotados ou arquivados pelos parlamentares. Psiquiatras, psicólogos, psicanalistas e psicoterapeutas em geral já têm os seus conselhos que regulamentam suas condutas e punem a falta de ética, além de terem de se adequar àquilo a que todos os brasileiros devem obedecer: o Código Penal. Não precisam assim de nenhuma espécie de conselho superior. Mas a discussão volta à tona com a formação da Associação Brasileira de Psicoterapias (Abrap). “Precisamos de critérios norteadores para tirar a imagem de que esse campo é uma bagunça. É possível organizar preservando a diversidade”, diz Luis Alberto Hanns, um dos presidentes da Abrap, que tem o apoio do Conselho Federal de Psicologia. Contrários a qualquer regulamentação no campo psicanalítico, diversos profissionais se organizaram na Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras. “Todas as instituições contam com padrões reconhecidos internacionalmente; outros critérios só limitariam uma atividade que depende da independência e da liberdade de quem a exerça”, diz o psicanalista Mário Lúcio Baptista, representante dessa articulação. Há quase um século a prática da psicanálise no Brasil obedece aos cânones criados por Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Se a proposta da Abrap sair vitoriosa, espera-se que pelo menos não enquadrem o médico austríaco e o deixem de fora desse divã espinhoso.
2) Carta da ABRAP
A Associação Brasileira de Psicoterapia (Abrap) é uma associação supra-abordagens, constituída por pesquisadores de renome advindos das mais variadas abordagens, muitos deles importantes psicanalistas, entre os quais o presidente da Associação Internacional de Psicanálise (criada por Freud). Considerar que sugestões tais como que um psicoterapeuta inclua em sua formação o estudo da psicopatologia e uma supervisão clínica sejam uma tentativa de regulamentar a psicanálise é distorcer o que é de bom senso. “Enquadrando Freud” (ISTOÉ 1839).
Bernard Rangé, Luiz Hanns e Plínio Montagna, presidentes da Abrap
São Paulo – SP
3) Carta da ARTICULAÇÃO DE ENTIDADES PSICANALÍTICAS BRASILEIRAS ao Diretor da ISTOÉ em resposta à matéria “Enquadrando Freud” (ISTOÉ 1839)
Prezado Diretor,
Em referência à polêmica criada sobre a psicanálise e as psicoterapias, gostaríamos de esclarecer que o movimento que se reúne há cinco anos como Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras, discorda totalmente da proposta da Abrap de criação de um órgão que ordene o campo das psicoterapias, em particular no que tange a psicanálise. Em 11 de dezembro, reunimo-nos pela última vez esse ano e 64 Instituições psicanalíticas de todo o País repudiaram, consensualmente, a proposta.
Ainda que possa parecer sensato para o leigo criar uma supra-abordagem na qual se apagam todas as diferenças entre as mais variadas correntes psicoterápicas, consideramos que isso implica passar por cima de sérios problemas inerentes à especificidade científica, ética e histórica de cada corrente. Não é possível agrupar e apagar a diversidade entre escolas que têm diferentes objetos de estudo, métodos e técnicas. As psicoterapias não constituem um campo único, cujo objeto possa ser formalizado, e não será por meio desse tipo de organização que se poderá zelar pela seriedade e eficácia dos métodos terapêuticos. A Abrap, dessa forma, nos parece mais uma Instituição que responde a interesses políticos, ideológicos e econômicos para dar uma resposta ao mercado atual.
Estamos seriamente apreensivos com o fato de essa organização, que diz preocupar-se secundariamente com as regulamentações normatizadoras do campo, acabe, pelo menos de forma indireta, levando à regulamentação. Inquieta-nos também que a Abrap, uma organização privada da sociedade civil, possa vir a se autorizar de uma função que hoje é prerrogativa dos respectivos conselhos federais e regionais – que têm a função de regulamentar o exercício profissional na área da saúde.
A Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras mantém uma luta ativa contra a regulamentação da psicanálise, como forma de salvaguardar e manter a especificidade de sua disciplina. Os psicanalistas não reclamam nenhuma regulamentação do Estado. A psicanálise progride há mais de um século graças a princípios e métodos rigorosos e um corpo teórico que tem a proposta de Sigmund Freud como fundamento. Entendemos que qualquer enquadramento da psicanálise a regulamentos acadêmicos ou profissionais compromete as condições de seu exercício e de sua transmissão, e ressaltamos que a psicanálise no último século se desenvolveu à margem de qualquer regulamentação, na base do confronto de idéias e práticas.
Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras.
Participantes da Articulação de Entidades Psicanalíticas Brasileiras:
Associação Brasileira de Psicanálise (federação que reúne todas as sociedades Psicanalíticas do Brasil, ligadas a Associação Internacional de Psicanálise, IPA)
Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae – São Paulo
Associação de Fóruns do Campo Lacaniano.
Escola Brasileira de Psicanálise.
Percurso Psicanalítico de Brasília.
Tempo Freudiano Associação Psicanalítica.
Sociedade de Psicanálise da Cidade de Rio de Janeiro
Escola de Psicanálise Letra Freudiana e mais 5 6 instituições psicanalíticas.
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São Paulo, 3 de fevereiro de 2005
Fátima Milnitzky
Mario Fuks
Sérgio Telles
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