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Mesas
Miguel Calmon
Mesa de abertura
Homenagem
a Helena Vianna
Eu queria, em primeiro
lugar, compartilhar com vocês a minha alegria,
não só a alegria de estar aqui,
de estarmos todos juntos, mas também a
alegria de ter sido homenageado pelo fato de poder
prestar esta homenagem a Helena Viana. Em segundo
lugar eu queria agradecer a presença dos
seus três filhos, o Sérgio, o Marcos
e o Cláudio que foram também convidados
para que esta homenagem fosse feita.
Respondabilidade
e nome próprio
Responsabilidade e nome próprio são
as marcas dos Estados Gerais da Psicanálise.
Responsabilidade e nome próprio são
também as marcas que melhor definem a trajetória
de vida de Helena Besserman Vianna. Estados Gerais
da Psicanálise e Helena Vianna se confundem
na medida em que implicam responsabilidade e nome
próprio. Foi por seu intermédio
que cheguei aos Estados Gerais. Eram suas as palavras
"qualquer um pode dizer o que quiser desde
que em seu nome próprio, bem fundamentado,
e se responsabilizando pelo que disser".
Quantos de nós não fomos convocados
para as reuniões tomados por este apelo.
Mas o que poderia existir de tão extraordinário
em se falar em nome próprio e com responsabilidade,
uma vez que essas deveriam ser as condições
de todo falar. Essa história também
ter a ver com Helena Besserman Vianna. Sua denúncia
acerca do envolvimento das sociedades psicanalíticas
com os "ocultamentos", com o "silenciamento"
da tortura da ditadura então vigente reintroduz
o político para dentro da psicanálise
e dispara um processo de questionamento sobre
a formação psicanalítica,
suas implicações éticas e
sobre o compromisso dos analistas com o meio social
que revira pelo avesso o que se mantinha até
então dogmaticamente fechado a qualquer
interrogação. A recusa das sociedades
psicanalíticas em se reconhecer nessas
denúncias, e que apurara o que se lhes
era mostrado fez do falar em nome próprio
uma ferramenta política fundamental para
muitos de nós. Do mesmo modo assumir a
responsabilidade na justa medida, foi a maneira
de implicar cada qual com seus atos escancarando
assim a irresponsabilidade escondida na fórmula
"somos todos igualmente responsáveis
por tudo o que acontece".
Helena Vianna aponta
nessa generalização uma estratégia
de acobertamento e de negação das
responsabilidades. Ao reintroduzir o político
como próprio ao campo psicanalítico,
responsabilidade e nome próprio passam
a ser os instrumentos fundamentais de rompimento
com o colo protetor das instituições
que por sua vez cobravam o silêncio, a alienação
e a impunidade. Entre nós, Helena Besserman
Vianna foi a cunha mais potente para mover o que
parecia visceralmente colado. Portanto, qualquer
um que queira homenagear Helena Besserman Vianna,
só poderá fazê-lo se o fizer
em seu nome próprio e assumindo a responsabilidade
pelo que for dito. E eu o faço.
Obrigado.
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