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Mesas

Suelena Werneck Pereira

Mesa de encerramento

Vou falar muito rapidamente porque Chaim Katz, na verdade, foi nosso porta-voz e quase não há mais nada a dizer a respeito desse acontecimento que foi o Segundo Encontro Mundial dos Estados Gerais da Psicanálise. Se o faço, devo avisar a vocês, é sob forte emoção.   A tarde de hoje foi muito comovente.   A fala de Rouanet e a apresentação de Leandro Konder não foram pouca coisa.   Agora a pouco fui agradecer Mário Fuks pelo trabalho que ele teve e pelo apoio que sempre nos deu e ele, brincando comigo,   disse:   "não, vocês é que trabalharam muito" e a seguir falou que nós, do comitê, trabalhamos muito mas fizemos os outros trabalharem muito também.   E acho que tivemos uma resposta muito positiva.   Isto tudo para introduzir a única coisa que eu vou falar para vocês que é: a função leitor funcionou, e lindamente. Eu acho que nós não podemos destacar um único leitor que não tenha entendido o sentido desta função, cumprido com sua missão e o feito com muito brilho. Alguns, naturalmente, como os da mesa cinco, tiveram um encargo imenso, de vinte textos, quinze textos cada um; e outros tiveram quatro textos apenas, mas todos, sem exceção, trabalharam igualmente. A questão da função leitor que, em Paris, deixou muita insatisfação, passou por um enorme progresso aqui nesse nosso encontro.

Esta função, que não é uma função de crítica, não é uma função de atribuição de valores, nem de dar pareceres, nem de censurar trabalhos, nem de qualificar trabalhos, é a de se deixar afetar pelos trabalhos e trazer para a assembléia aquilo que, para cada um dos leitores, emanou destes textos; é uma tarefa formidável, não impossível, mas difícil e magnífica.   E eu acho que ela foi cumprida exemplarmente.  

Eu queria daqui agradecer a todos aqueles que exerceram essa função tão bem e engatar numa outra questão que diz sempre respeito à função leitor. Ontem, se não me engano na mesa quatro, foi feita uma pergunta que não foi respondida; a pergunta foi feita por Theodor Lowenkron, não sei se ele está aqui presente, mas a pergunta do Theodor foi sobre quais teriam sido os critérios para a designação dos leitores. Devo responder dizendo que esses leitores foram indicados e designados basicamente por um coletivo.   Mas, como Chaim falou, coube a nós tomar algumas decisões, para isto nós éramos uma comissão de organização, executiva, decisória; não era possível que toda e qualquer decisão fosse levada perpetuamente a assembléias e plenárias e, por isso, tivemos que decidir algumas coisas. Quanto à função leitor, Theodor, aconteceu o seguinte: nós viemos nos reunindo desde a volta de Paris e aos poucos, propriamente como um movimento, fomos constituindo grupos, nos agregando primeiramente pelos vínculos de amizade que nos unem, e assim nos constituindo em grupos diferenciados.   Então, assim como se formou um grupo no Rio de Janeiro, se formaram grupos nos outros estados, a que nós demos o nome de regionais . Muitos dos leitores foram indicados pelas regionais .   Assim, tivemos indicações da regional de São Paulo, tivemos indicações da regional de Pernambuco, do Rio Grande do Sul, de Brasília e, evidentemente, chegaram a nós indicações que não cobriam nossa necessidade de leitores.   Então, nós tomamos o cuidado de contemplar, nesse nosso encontro, não só outros estados como outros países que aqui estiveram presentes.   Essa idéia norteou nossa designação da função leitor para outros colegas e, então, nós indicamos para aqueles postos que ainda estavam vagos pessoas de outros países e tomamos o cuidado, já que no Rio de Janeiro os candidatos eram muitos, de não indicar maior número de cariocas para a função leitor do que, por exemplo, foram os indicados por São Paulo ou por Recife, etc. De modo que foi, a meu ver, um processo bastante democrático, tendo-se em mente que um tal processo não deve e não pode resvalar para uma confusão, para um caos, o que às vezes acontece ao se tentar uma auto-gestão, na medida em que qualquer democracia exige um mínimo de organização. Então esse foi o processo que, na verdade, começou na volta de Paris. Nós tivemos uma primeira reunião em agosto de 2000, que depois teve continuidade, quer dizer, houve encontros que se multiplicaram e que receberam o nome de   "Encontros Brasileiros"; esses encontros aconteciam no IPUB da UFRJ e se davam de maneira bastante informal. Desses encontros que foram, se não me engano 8 ou 9, começou a surgir o grupo que depois se chamou de   plenária Rio . O grupo Rio , ou plenária Rio , era um grupo de cerca de 25 pessoas que se reuniram a primeira vez em 13 de julho de 2001.   Isso significa que, de agosto de 2000 até julho de 2001, fizemos os primeiros encontros, bastante informais no seu feitio, no seu funcionamento, onde as pessoas discutiam e se apresentavam e no dia 13 de julho formou-se o grupo Rio .   Em 26 de julho, ou seja, logo depois da constituição deste grupo Rio , foi feito o primeiro esboço da convocatória.   E, do resto, eu acho que vocês já puderam mais ou menos participar.   A partir dessa primeira redação da convocatória houve algumas reuniões plenárias, para as quais eram convidados colegas dos outros estados, que algumas vezes vinham, outras não, por conta da dificuldade de deslocamento e de agendamento; o texto da nossa convocatória foi várias vezes modificado. Algumas pessoas aqui presentes sabem disso porque estavam conosco nesse trabalho de produção, que foi um trabalho, acho eu, não só democrático como coletivo e, volto a dizer, pautado   na amizade e com uma grande delicadeza no sentido de cuidar das pessoas, cuidar dos vínculos, cuidar para que essa amizade pudesse resistir a tanto trabalho e a tanto tempo de convivência.   Muito obrigada.