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Comentários dos Participantes

Uyratan de Carvalho
e-mail enviado ao Comitê Executivo

03 de novembro de 2003

Lamentável! Foi uma grande pena ver meia centena de pessoas querendo saber mais de psicanálise, serem até maltratadas por uma meia dúzia de prepotentes não-analisados, que mostraram o seu despreparo, até quando não souberam escolher aqueles que, vindo para falar, trouxessem o que cada um buscava: o novo, como ressaltou Luiz Hanns, ao criticar os textos que recebera. A sensação que causaram os oradores, foi a de que não se prepararam, por fazerem pouco caso da patuléia pagante, que se contentariam em ouvir-lhes as vozes... Assim, os dirigentes (?) ficaram a dever toda a programação referida aos TEMAS & SUB-TEMAS. De toda o espetáculo de desordem, restaram constrangimentos e a dificuldade, de por vergonha, ter de dizer, para os leigos e pacientes que a experiência foi estimulante. A esperança, agora, se resume no nunca mais acontecer ESTADOS GERAIS no Brasil. Faltou psicanálise!

uyratan@terenet.com.br



Resposta do Comitê Executivo

Novembro de 2003

Prezado colega:
Dirijo-me a você em nome do comitê executivo, uma semana depois de receber seu e-mail, apesar de você não tê-lo assinado. A demora se deveu ao cansaço pelo imenso trabalho em organizar o Segundo Encontro que, pelo que você diz em seu breve e-mail, o desagradou tão profundamente.

Diante disso, peço-lhe que nos mande um texto mais elaborado, apontando suas críticas e decepções com mais clareza, de modo a podermos tirar de suas impressões algo que nos ajude a entender melhor o acontecido. Certamente você não é o único descontente, apesar da grande maioria de recados com parabéns pelo evento. Estamos pensando em criar um local no nosso site com os textos apresentados por nossos conferencistas, assim como os relatos dos leitores e toda a correspondência que temos recebido daqueles que participaram do Encontro.

Aguardando notícias suas,

Atenciosamente,
Suelena Werneck,
pelo comitê executivo.



Resposta de Uyratan de Carvalho

10 de novembro de 2003

Digníssima Colega, honrou-me muito receber sua mensagem, que, suponho, me foi enviada, função da sua capacidade para abranger estados de espírito, inclusive o que, presumo, transparece no meu e-mail, que, na verdade, tem tudo de desabafo ante decepções. Pois tais decepções decorreram do que sentia quando escrevi no dia 3 próximo passado: faltou mesmo psicanálise, vez que os oradores, expondo suas convicções políticas, aproveitaram-se da oportunidade para dizê-las, tendo um deles, o Sr. Tarik Ali, sido impróprio, durante toda a sua fala, por defender uma política de extremistas do oriente médio que não é aprovada pelos verdadeiros seguidores do islamismo, isto para não se falar do episódio rasteiro em que tratou um garçon, com ridicularia, quando este lhe servia água. Ora, o ruim, não foi a impropriedade do Sr Ali, que parece, a cultiva, mas, antes, imprudência da direção do evento em trazer alguém que, falando, não soube justificar o prestígio com que foi agraciado, por absolutamente vazio no que tange aos mínimos requisitos do que seja boas maneiras: faltou pesquisar tudo sobre o convidado, já que deve haver, na Inglaterra, psicanalistas bem-educados. Lamentável, também, foram as atitudes arrogantes e desordenadas, daquele que dirigiu (?) o primeiro evento de sexta-feira, cujo nome não me ficou, que, a todo momento, talvez por não estar familiarizado com o que seja democracia, mudava as regras para as manifestações, quando do espaço para debates, chegando ao cúmulo de interromper, de forma abrupta e grosseira um colega que apenas iniciava o que não conseguiu dizer. Você me pede clareza e objetividade, pois aí vão dois momentos que, para mim, retratam o lado desconfortável do encontro no Glória. Você também me acusa de não ter assinado o que enviei, o problema é que não sei como assinar um e-mail, tendo, por isso mesmo, aposto, à guisa de assinatura, o meu endereço eletrônico por extenso, vez que não costumo me esconder, ou me defender pelo anonimato, quando reclamo do que reprovo. Quanto a mim, sou um estudante de psicanálise que tendo se tornado profissional, vivo de seminários e do consultório, atividades que me asseguram uma vida razoavelmente confortável. Sendo, entretanto, brasileiro, sei que nunca terei acesso ao Olimpo em que se abrigam aqueles que dominam a psicanálise, não para torná-la um permanente forum, mas algo que lhes assegure oportunidades no Fantástico e nos segundos cadernos do O Globo e do Jornal do Brasil. Quando falo de acesso, não falo de fazer voltar holofotes sobre mim e sim de não haver, no Estado do Rio de Janeiro, quem ao menos responda, quando se busca contatos, como já aconteceu comigo, ao buscar uma aproximação com a Associação Brasileira de Psicanálise em nome da sociedade que presido, o Colégio Brasileiro de Psicanálise, que funciona legalmente, cumprindo o ensinado por Freud e por aqueles luminares pós-freudianos, como Klein, lacan e outros.

Cara Colega, vigorando, ainda, a sensação geral de constrangimento, quero, por uma questão de justiça, destacar seu gesto que entendi como de atenção.

Aliás, observando-a nas suas atividades no Glória, em mim me ficou uma imagem de alguém atenciosa e gentil, com quem, eu, apreciaria muito dispor de uma oportunidade para falar sobre o que fosse possível acerca de psicanálise. Isto posto, meus votos de sucesso, temperado com o que já se prenuncia por estar chegando o NATAL.

Atenciosamente,
Uyratan.
uyratan@terenet.com.br