Medéia: uma visão psicanalítica *

"Insuportável é a morte de uma criança: ela realiza o mais profundo e secreto de nossos desejos".

Serge Leclaire

O espanto e o horror.

Como poderiam os atenieses ter se apiedado de Medéia, ao assistirem a tragédia de Eurípedes, naqueles idos de 431 antes da era cristã? Teriam eles lançado mão da justificativa de ser ela uma bárbara? Ou, teria esta história tocado o fundo da alma e encontrado lá um lugar de acolhida?

* Trabalho realizado pelo Grupo de Estudos "Mitologia e Psicanálise" do CEP de PA. 1998

O mito de Jasão e o velocino de ouro, mito no qual Medéia ingressa como coadjuvante, já percorria os tempos, desde a época arcaica. Como todo o mito, sua narrativa desloca-se livremente no espaço e no tempo, abrangendo um número ilimitado de episódios. E, pela tradição oral, cantada pelas Musas, a história de Jasão faz parte do mito dos heróis. Herói, Jasão foi criado longe dos pais, tendo por tutor o centauro Quíron. Retornando ao reino, depara-se com a disputa pelo trono. Seu primo, Pélias, exige-lhe que traga o velocino de ouro, guardado na longínqua Cólquida. Lá chegando, o rei lhe impõe quatro tarefas a serem desempanhadas no mesmo dia, tarefas que colocam sua vida em grave perigo. Medéia, filha do rei, traindo seu pai e usando de seus poderes mágicos, protege Jasão da morte, oportunizando-lhe apoderar-se do velocino de ouro. Em troca, ela lhe exige o casamento, levá-la para longe dali. É então que começa a longa série de assassinatos perpretados por Medéia, desde o esquartejamento de seu irmão, até o apunhalamento de seus próprios filhos quando, já em Corinto, é repudiada por Jasão, que consegue novo matrimônio com a filha do rei.

Diz Aristóteles na sua Poética, que o mito é o princípio e como que a alma da tragédia.

Observemos então a alma de Medéia, sua psiquê. Como toda a tragédia, seu desenrolar procura caber dentro de um período do sol, ou pouco excedê-lo. Deste modo, a primeira cena abre com a personagem da ama de Medéia, narrando o infortúnio de sua senhora:

"Medéia, a infeliz, ferida pela ultraje invoca os juramentos, as entrelaçadas mãos - penhor supremo"1 . Segue adiante: "Os filhos lhe causam horror e já não sente satisfação ao vê-los" 2.

A ama, como representante de uma instância crítico-observadora, descreve o sofrimento de Medéia, revelando que esta mulher pode mostrar-se submissa, mas não tolera maus tratos. Se lhe despertam o ódio, é capaz de matar. Impulsiva, não admite ser contrariada. Pode ser um rochedo ou pode ser como as ondas do mar.

1. Eurídepes, Medéia in: Medéia. Hipólito. As Troianas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1991. Verso 26, p.19. Todas as citações seguintes da Tragédia, foram extraídas do mesmo texto, com tradução de Mario da Gama Kury.

2. Eurípedes, op. cit., verso 45, p.20.

Desde esta primeira cena há então outro personagem: a morte.

A ama conversa com o preceptor dos filhos de Jasão e Medéia, dois meninos. Estes estão agora presentes. Ouvem mas não escutam? A ama pede ao preceptor que os mantenha afastados da mãe: "Ela por certo não refreará a cólera até haver vibrado sobre alguém seus golpes"3. Mas a ama também revela sua opinião sobre Jasão: "Estais ouvindo como vosso pai os trata, crianças?"4, pois pensa que ele não os defenderia de serem expulsos de Corinto junto com Medéia, quando do novo casamento. Estas crianças permanecerão mudas até o momento de serem assassinadas. A ama ainda os alerta: "Fugi ao seu olhar, evitai encontrá-la"5. A fala de Medéia, quando então ela surge, não deixa dúvida de suas intenções: "Filhos malditos de mãe odiosa, por que não pereceis com vosso pai? Por que não foi exterminada a família toda?"6.

Mas, de qual família estará ela falando? Fala nesta família atual, constituída por ela mesma, Jasão e os filhos de ambos? Falará também, sem o saber, na sua família de origem? Que mãe odiosa poderá ser esta, que nunca é referida no mito? Há apenas a menção a seu pai. Foi preciso então investigarmos e, na Teogonia, Hesíodo conta em seus versos esta origem:

Do sol incansável a ínclita oceanina

Perseida gerou Circe e o rei Eetes.

Eetes, filho do Sol ilumina-mortais,

Desposou a virgem do Oceano rio circular

Sábia de belas faces, por desígnios dos Deuses.

Ela pariu Medéia de belos tornozelos,

Subjugada em amor graças à áurea Afrodite"7.

3. Ibidem. Verso 111, p.23.

4. " . Verso 100, p. 22.

5. " . Verso120, p. 23.

6. " . Verso 129, p.24.

7. Hesíodo, Teogonia, in Teogonia: a origem dos deuses. Tradução de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1992, p.159 e 160.

É interessante observar que, em Hesíodo, Medéia é descrita de forma até mesmo suave: "(…) levando em seu navio veloz a virgem de olhos vivos, e desposou-a florescente. Ela, submetida a Jasão pastor de homens, pariu Medéio(…)"8.

Seu parentesco com Circe, a maga que metamorfoseava homens em animais, como uma maneira de retê-los junto a si, expressa-se em outros episódios do mito, que não fazem parte da narrativa da Teogonia. Durante a fuga do reino de seu pai Eetes, com o intuito de detê-lo, pois vinha no encalço dos amantes e do velocino de ouro, Medéia não hesita em esquartejar seu irmão para atrasar seu pai, ocupando-o em recolher do mar os pedaços do filho. No retorno ao reino de Pélias, como este maltratara o pai de Jasão, Medéia induz as filhas do primeiro a matarem o próprio pai. Demonstra a elas como é capaz de esquartejando um velho carneiro e colocando-o a ferver, tirar do caldeirão um carneiro novo. No entanto, a vingança que Medéia atua, "em nome de Jasão", não lhes traz a glória, ao contrário, são obrigados a novamente fugir, exilando-se em Corinto.

A referência a esquartejamento aparece então na própria tragédia. Diz Medéia ao Coro: "Ah! se eu pudesse um dia vê-los, ele e a noiva reduzidos a pedaços, junto com seu palácio, pela injúria que ousaram fazer-me sem provocação!"9.

A injúria é a injúria narcísica. Medéia lembra ter abandonado o pai e matado o irmão, mas não sente culpa. Sente vergonha, sentimento próprio de um narcisismo ferido, de um sentimento de inferioridade frente a um ideal - o ideal de ego, herdeiro do narcisismo. Estar aos pedaços: esta é sua vivência interna. A mãe odiosa que se ausenta, que não lhe dirige mais o olhar.

Medéia segue falando às mulheres idosas do Coro, as mães de Corinto. Faz um longo discurso lamentando a condição das mulheres:

"Das criaturas todas que têm vida e pensam, somos nós, as mulheres, as mais sofredoras"10. Referindo-se ao casamento, "temos de adivinhar para poder

8. Hesíodo, op. cit. p. 163.

9. Eurípedes, op.cit. v.178, p.25.

10. Ibidem, v. 258, p.28.

saber, sem termos aprendido em casa, como havemos de conviver com aquele que partilhará nosso leito"11. Queixa-se de sua mãe, que não lhe ensinou a conhecer um homem, queixa-se da mãe no marido: "Estou só, proscrita, vítima de ultrajes de um marido que, como presa, me arrastou à terra estranha, sem mãe e sem irmãos, sem um parente só que recebesse a âncora por mim lançada na ânsia de me proteger da tempestade"12.

A mãe de Medéia era uma oceanina e é justamente de não ter um lugar que receba sua âncora que ela se queixa. Sente que lança num vazio, não encontrando acolhida. Ao contrário do irmão, que ela ao esquartejar e lançar ao mar, sente que foi acolhido pela mãe e pelo pai.

Porém, coloca-se como vítima ao pedir a cumplicidade das mulheres de Corinto. Não admite, neste momento, a força de Eros que uniu-a a Jasão. Menciona apenas a violência e o abandono. O ressentimento com Jasão como que atualiza seus antigos ressentimentos.

A cena seguinte, diálogo entre Medéia e o rei Corinto, pai da noiva de Jasão, parece encadear-se também na linha associativa destas vivências de Medéia, pois é uma conversa com um pai. Creonte a expulsa: "Sai depressa! Não demores! Estou aqui para cuidar do cumprimento de minha decisão, e não retornarei a meu palácio antes de haver-te afugentando para terras distantes de nossas fronteiras"13. Ela pergunta por que a expulsa. Diz Creonte: "É inútil alinhar pretextos: é por medo"14.

Podemos entender que Medéia escuta aqui a voz do pai que a repudia, que teme sua magia, seus encantamentos. Diz Medéia: "Nunca os homens de bom senso deveriam dar aos filhos um saber maior que o ordinário"15. "Minha ciência atrai de alguns o ódio, a hostilidade de outros"16. Nunca o amor? Diz Freud que para o ego viver significa o mesmo que ser amado - ser amado pelo superego17.

11. Ibidem, v. 267, p.28.

12. Ibidem, v. 287, p. 28.

13. Ibidem, v. 310, p. 29.

14. Ibidem, v. 321, p.29.

15. Ibidem, v. 334, p. 30.

16. Ibidem, v. 343, p.30

17. Freud, S. O Ego e o Id (1923).

Na família real de Corinto, novamente, só há o rei e sua filha. Medéia suplica a Creonte que a deixe ficar apenas mais um dia, premeditando sua vingança: "mas tão longe o leva a insensatez que, embora ele pudesse deter meus planos expulsando-me daqui, deixou-me ficar mais um dia. E neste dia serão cadáveres três inimigos meus: o pai, a filha e seu marido"18.

Sente-se ameaçada, imaginando que riem dela: "rirão de mim, vendo-me morta, os inimigos"19, "nenhum deles há de rir por ter atormentado assim meu coração!"20.

Passa a evidenciar-se a partir de então, uma cisão no personagem de Medéia. Sua fala já não está integrada e dirigida a alguém fora dela, mas revela um diálogo interior. Ela tem um interlocutor: a própria morte.

"Vamos, Medéia! Não poupes recurso algum do teu saber em teus desígnos e artifícios! Começa a marcha para a tarefa terrível! Chegou a hora de provar tua coragem! Não vês como te tratam? Não deves pagar um tributo de escárnio ao himeneu do sangue de Sísifo com um Jasão qualquer, Medéia, filha de um nobre pai, tu, raça do Sol! Tens a ciência e, afinal, se a natureza fez-nos a nós, mulheres, de todo incapazes para as boas ações, não há, para a maldade, artífices mais competentes do que nós!"21.

Seria esta a mãe odiosa? Uma mãe arcaica, cruel, com quem se identifica no ódio, única maneira de sentir-se novamente inteira, e não aos pedaços, única maneira de sobreviver ao caos interno onde se vê lançada quando se depara com a perda e o sentimento de abandono. Parece tratar-se de uma forma de organização em torno do ódio, para manter uma ilusão de integridade narcísica. O amor e a vida são fontes de humilhação e escárnio. Só na morte poderá triunfar sobre os inimigos. Sua ciência é colocada a serviço da Morte. Preserva assim, uma criança - ela mesma - a criança maravilhosa do narcisismo.

18. Eurípedes, op. cit. v. 418, p.33.

19. Ibidem, v. 433, p. 34

20. Ibidem, v. 451, p. 34

21. Ibidem, v. 456, p. 34.

Observa-se também, que o pai-expulsador foi ejetado de seu psiquismo, surgindo em seu lugar o pai-sol, grandioso, este sim amando sua criança maravilhosa. A referência ao sol, em sua luminosidade, é mais uma expressão simbólica do narcisismo.

A cisão no mundo interno de Medéia se faz sentir mais adiante, mesmo depois de ter morto com seus venenos a Creonte e sua filha, tendo usado seus próprios filhos como emissários da morte: são eles quem levam à princesa, os presentes letais de Medéia.

Ainda que diga que deve matar suas crianças e que "matando-os firo mais o coração do pai"22, tenta lutar contra a submissão que a força da morte lhe impõe.

"Será que apenas para amargurar o pai vou desgraçá-los, duplicando a minha dor? Isso não vou fazer! Adeus, meus planos...Não! Mas que sentimentos são estes? Vou tornar-me alvo de escárnio, deixando meus inimigos impunes? Não! Tenho de ousar! A covardia abre-me a alma a pensamentos vacilantes. Ide para dentro de casa, filhos meus!"23.

"Quem não quiser apreciar o sacrifício, mova-se! As minhas mãos terão bastante força! Ai! Ai! Nunca, meu coração! Não faças isso! Deve deixá-los, infeliz! Poupa as crianças! Mesmo distantes serão a tua alegria. Não, pelos deuses da vingança nos infernos! Jamais dirão de mim que eu entreguei meus filhos à sanha de inimigos! Seja como for, perecerão! Ora: se a morte é inevitável, eu mesma, que lhes dei a vida, os matarei!"24.

Há aqui a menção ao sacrifício. O infanticídio como sacrifício. No Antigo Testamento, o próprio Deus detêm a mão de Abraão e o filho é substituído por um cordeiro. Na tragédia, no entanto, um ser humano é substituído por um ser humano. Medéia, não mata a criança maravilhosa que pensa um dia ter sido para

22. Ibidem, v. 936, p.52.

23. " , v. 1191, p.61.

24. Ibidem, v. 1199, p. 61.

seus pais - sua magestade o bebê. Diz Leclaire: "Assassinato irrealizável, ainda que necessário, já que nenhuma vida é possível, nenhuma vida de desejo, de criação, se se suspende o assassinato da "criança maravilhosa", sempre renascente. A criança maravilhosa é antes de tudo a nostalgia do olhar materno que a converteu no esplendor extremo, majestoso como o menino Jesus, luz e jóia que brilha com poder absoluto; mas já é também o abandono, perdido em um desamparo total, só frente ao terror e à morte"25.

São os filhos que devem morrer em seu lugar, para que ela renasça mais uma vez, iluminada pelo esplendor do Sol. Para Medéia, cada assassinato tem o sentido de uma revitalização e se dá sob a forma de rituais de rejuvenescimento. O esquartejamento, como equivalente do canabalismo, representa a incorporação ritual que alimenta seu desejo de imortalidade.

Lembramos aqui a idéia de Grunberger a respeito da tríade narcísica, como uma evitação do Édipo, na passagem da etapa anal-sádica para a fálica. Trata-se de uma tentativa da criança de manter-se incluída na relação parental, às custas de ignorar a sexualidade dos pais, e a vida sexual como um todo. Grunberger vincula a Esfinge à etapa anal-sádica, considerada por ele como o ápice do narcisismo. O autor assinala a solução do enigma proposto pela Esfinge, como representando a ação de Édipo em remover toda uma pseudo civilização conectada como recursos mágicos para fazer frente aos mistérios da vida26. Assim como a Esfinge, propondo enigmas, Medéia coloca-se como uma pitonisa da morte. Seus recursos pemanecem mágicos no sentido de uma onipotência destrutiva, sem sofrerem uma transformação que os tornem elementos de conhecimento, próprios para a sublimação e a criação.

Nos momentos que antecedem ao filicídio, segue ainda a cisão interna de Medéia:

"Avante, coração! Sê insensível! Vamos! Por que tardamos tanto a consumar o crime fatal, terrível? Vai, minha mão detestável! Empunha a espada!

25. Leclaire, S. Matan a un niño. Buenos Aires: Amorrortu Editores, 1990. p.11.

26. Grunberger, B. Narcissism: Psychoanalytic. Essays. New York: International Universities Press, Inc. 1979.

Empunha-a! Vai pela porta que te encaminha a uma existência deplorável e não fraquejes! Não lembres de todo o amor que lhes dedicas e de que lhes deste a vida! Esquece por momentos de que são teus filhos, e depois chora, pois lhes queres tanto bem mas vais matá-los! Ah! Como sou infeliz!"27.

Eis aqui uma tarefa impossível de cumprir. Aquelas impostas pelo pai de Medéia a Jasão, a de vencer touros, serpentes, guerreiros e dragões, puderam ser facilmente vencidas com suas mágicas. Não houve sofrimento. Mas agora, a tarefa seria matar uma representação idealizada de si mesma, renunciar àquela plenitude, de gozo imóvel, como fala Leclaire. Trata-se de um assassinato estruturante, um luto que precisa ser feito e refeito continuamente.Leclaire fala da "primeira morte", pois, renunciar a esta criança maravilhosa dentro de nós, "é morrer, não ter já razão alguma para viver; mas fingir estar contido nela é condenar-se a não viver em absoluto"28.

Leclaire refere ainda que a representação narcísica primária é muito apropriadamente denominada infans, pois não fala, nem falará nunca. Diz que na exata medida em que se começa a matá-la, se começa a falar; "na medida em que se segue matando-a, se segue falando verdadeiramente, desejando"29.

Na peça, os filhos de Medéia e Jasão falam apenas uma vez, no momento exato em que estão sendo mortos pela mãe: "Ah!Que fazer? Como fugir de minha mãe?", "Não sei, irmão querido! Estamos sendo mortos!"30. Como se trata de uma passagem ao ato, na medida em que Medéia foi incapaz de realizar psiquicamente este trabalho da morte, mesmo a fala destas crianças é uma fala amordaçada: não sabem o que fazer, são mortos pelo desejo da mãe, sem terem nunca descoberto quais eram os seus.

ESTADOS GERAIS DA PSICANÁLISE

Medéia: uma visão psicanalítica

- Ignácio Alves Paim Filho: Psicanalista, Membro Efetivo do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre - CEP de PA. Membro do Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre.
End.: Rua Felipe Neri, 457/401
CEP: 90440-150 - Porto Alegre

- Luiza Hoefel: Psiquiatra, Membro Efetivo do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre - CEP de PA.
End.: Av. Independência, 1211/313
CEP: 90035-077 - Porto Alegre

- Valéria Quadros: Psicanalista, Membro Efetivo do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre - CEP de PA.
End.: Rua Tobias da Silva, 137/306
CEP: 90570-020 - Porto Alegre

SUMÁRIO

Tomando como ilustração o mito e a tragédia Medéia, os autores abordam aspectos do narcisismo e sua patologia. Tendo como referencial a teoria freudiana, percorrem também conceitos de Leclaire e Grunberger, psicanalistas da escola francesa. A história de Medéia, encenada por Eurípedes, e por primeira vez apresentada em 431 A.C., conserva toda a atualidade, pois revela de modo dramático e comovente, as vicissitudes do psiquismo humano, em sua constante luta pulsional. Foi justamente a mitologia grega uma das fontes de referencia ao pensamento psicanalítico de Freud e onde também os autores do presente trabalho vêm buscando elementos aos quais articular sua prática clínica.

UNITERMOS

Mitologia Grega. Medéia. Narcisismo. Filicídio.

SUMMARY

Using the mith and tragedy of Medea, the authors discuss some aspects of narcissism and its pathology. Freudian theory is used as a reference, and concepts of Leclaire and Grunberger, psychoanalists of the French school, are also approached. The story of Medea, played by Eurípedes in 431 BC, is still appropriate for the present moment because it is dramatic and moving in revealing vicissitudes of the human psyche, in constant struggle with its drives. Greek mythology was one of the sources to Freud's psychoanalitical thought. The authors seek elements from the same source to connect with their clinical practice.


BIBLIOGRAFIA
EURÍPEDES. Medéia. In: Medéia. Hipólito. As Troianas. Tradução de Mario da Gama Kury. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1991.
FREUD, S. (1923). O ego e o id. In: Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. V.2. Rio de Janeiro. Imago, 1975.
GRUNBERGER, B. Narcissism: Psychoanalytic Essays. New York. International Universities Press, Inc. 1979.
HESÍODO. Teogonia. In: a origem dos deuses. Tradução de Jaa Torrano. São Paulo. Iluminuras, 1992.
LECLAIRE, S. Matan a un niño. Buenos Aires. Amorrortu Editores, 1990.