|
Carta para os psicanalistas
Prezado Colega,
Como já deve ser do conhecimento de muitos, estamos tentando fazer chegar a um número maior de analistas informações sobre a proliferação de grupos que vêm "formando" psicanalistas (com carteira profissional e diploma) em diversas regiões do Brasil, como por exemplo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso, Bahia, Distrito Federal, Alagoas, dentre outros.
Primeiramente merece especial destaque a vinculação desses grupos com grupos evangélicos, o que põe seriamente em risco a necessária neutralidade ao exercício clínico e teórico da Psicanálise. Isso se agrava na medida em que existem tentativas por parte de tais grupos (já verificadas como procedentes) de criar um Conselho Federal e Conselhos Regionais de Psicanálise, juntamente com a regulamentação da profissão de psicanalista.
Dignos de atenção também são:
a. o poder de arregimentação desses grupos que usam informações enganosas e tendenciosas, tais como auto-análise, análise via internet, 20 sessões de análise "didática";
b. a pretensão de "titular" 2000 psicanalistas no Brasil, após um ano de "curso", com disciplinas que vão desde Primeiros Socorros, passando por Hipnose até Parapsicologia.
De acordo com a matéria da Veja, de 20 de setembro, a maioria desses grupos como já supúnhamos, está ligada à Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (SPOB), organizada por pastores batistas e presbiterianos, que acreditam que: "para diferenciar uma neurose de uma possessão, que têm sintomas bem parecidos, eu evoco o nome de Jesus. Um psicótico nunca reagiria agressivamente ao nome de Jesus", declara um deles à revista.
Em face da gravidade dessa situação, e por considerar que é uma responsabilidade ética dos psicanalistas colocar a sociedade a par desses descalabros, várias associações de Psicanálise de Brasília vêm se reunindo para discutir o assunto e tentar encontrar uma forma de lidar com essa situação que seja, ao mesmo tempo, prudente, ética e eficaz.
Para tal, o primeiro passo foi o de coletar e examinar material sobre esses movimentos. Já tivemos acesso a documentos e informações acerca de tentativas legalizantes do tipo:
a. protocolos junto aos Ministérios do Trabalho, da Saúde, da Fazenda, visando a legitimação dessas práticas espúrias;
b. contatos com parlamentares com vistas à aprovação de um projeto de lei regulamentando a profissão de psicanalista.
Outra providência que concluímos ser profícua e oportuna é a elaboração de uma carta aberta especificando, de forma acessível, o que é a psicanálise, como se dá a formação de um psicanalista, o que implicaria "regulamentar" a "profissão" e, por fim, quais os pontos em comum entre as associações psicanalíticas do Brasil. Essa carta seria assinada por todos que se interessarem por essa questão (uma espécie de "abaixo-assinado"). Sua finalidade seria a de servir, eventualmente, para gestões junto a parlamentares e a órgãos governamentais que estarão envolvidos nessa questão.
Além disso, como contribuição ocorreu-nos:
1 - a constituição de uma rede de informação, discussão e divulgação entre todas as associações analíticas e analistas não-associados;
2 - a criação de uma comissão de redação que se responsabilize por redigir essa "carta aberta" e a faça chegar a todos os que desejem assiná-la.
Em Brasília, os contatos para o andamento dessas questões são:
Associação de Psicanálise de Brasília
Vânia Otero - oterov@tba.com.br
Zalex. Romera Suffert - zasuffert@bol.com.br
Intersecção Psicanalítica do Brasil
Arlete Mourão - mmourao@solar.com.br
Percurso Psicanalítico de Brasília
Maria Ida Fontenelle - fontenelle@tba.com.br
Priscila F. Costa - fcpriscila@hotmail.com.br
Sociedade de Psicanálise de Brasília
Avelino Neto: denmac@nutecnet.com.br
................................................................
Ana Vicentini de Azevedo - anavic@brhs.com.br
|
|